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quinta-feira, 13 de maio de 2010

O Vôo Fantástico

Não sou boa em lidar com meus sentimentos. Por isso, me tornei uma garota desajustada. Bastante ansiosa, cheia de inquietação. Com os olhos no futuro, cabeça nas nuvens. Não conseguia esperar nada, me consumia por dentro. Compulsiva, sem controle e com muita insônia.

Não era capaz de viver o presente, sempre pensando como seria o futuro.

Então percebi que estava perdendo algo muito importante: viver o processo. Vi que chegar no objetivo sem ter aproveitado a caminhada não é tão bom assim. O significado do destino perde a intensidade que tinha quando sonhei com ele pela primeira vez.

A espera não é uma coisa ruim. O friozinho na barriga pelo que vai acontecer também não é. A questão é  como você vê e lida com eles.

É um prazer delicioso: a expectativa que te faz dar aqueles risinhos incontidos, a imaginação  trabalhando sobre o que se espera, os olhos que brilham como de uma criança aguardando um presente muito desejado. Encontrei nisso uma surpreendente felicidade.

Experimentar e viver o momento de espera. Porque depois que tiver passado, eu não terei mais essa parte para aproveitar, já foi o tempo, passou. O momento de agora é único. Os sentimentos de espera não vão mais existir depois de alcançado o objetivo.

Quero ser uma escritora famosa. Quando isso acontecer, eu não vou mais ter esse sonho. Não vou mais vivenciar o que é desejar, trabalhar e até perder o sono por isso. Vai ter passado. Me restará desfrutar do que realizei.

Então, agora eu escolho aproveitar!

Imaginar como vai ser. Sorrir com as inúmeras possibilidades. Ao invés de matar, brincar com as borboletas do meu estômago. Pegar emprestado as asinhas delas e voar para o futuro que eu quero construir. E enquanto ele não chega, vou aproveitando a vista desse vôo fantástico!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Divagando

Pensando no que é a leitura para mim, desde a infância, finalmente começo a entender o que me fascina, e porque isso significa tanto para mim.

Nunca fui de ter muitos amigos, estava sozinha na maior parte do tempo. Eu não havia experimentado o que é estar ligado a alguém de verdade. E então eu lia... lia bastante, e viajava enquanto lia. Não apenas viajava para outro mundo, outro cenário, numa outra dimensão mostrada ali na história - eu também gostava disso, claro. Mas o lugar em que eu mais gostava de viajar era pra dentro de outras pessoas, no caso, do escritor.

Eu não sei exatamente por que, mas desde quando me lembro, eu tenho uma capacidade de entender quando leio. Não simplesmente entender as palavras ali apresentadas, mas entender quem as escreveu, ou pelo menos, entender o sentimento de quem escreveu. Recentemente um amigo me falou que isso é a razão de ser de um escritor, mas eu gostava de pensar que era um dom que eu tinha. Quando era menor, eu acreditava nisso. Que era um presente precioso que eu recebi. Um tesouro secreto.

E por isso eu lia e ficava ali, presa, mergulhada, fixada na leitura. Eu engolia me alimentando das palavras que vinham cheias de significado, cheias do escritor. Era uma coisa tão viciante! Uma alegria tão boa... tão simples. Preenchia meu coração. E significava muito pra mim. Era bastante atraente, o mundo das outras pessoas.

Eu quis escrever justamente por isso... eu pensava que poderia também dar o meu mundo a outras pessoas. Pensava que poderia expressar tudo aquilo que eu não conseguia de outro jeito. Pensava que ao escrever, eu conseguiria preservar, e nunca me esquecer daquelas coisas boas, mágicas, ingênuas. Aquelas coisas que quando a gente sente, pensa que vai durar pra sempre. Aquelas coisas que a gente quer proteger do mundo louco e sem sentido do lado de fora... o mundo que costuma roubar das pessoas justamente isso.

Além de guardar, eu também queria entender. Acreditava que ao tirar aquilo de mim, pondo no papel, eu poderia olhar de fora e entender tudo... tudo sobre mim mesma.

E foi isso que eu senti esses dias ao ler o prefácio do livro “À espera de um milagre”, de Stephen King. Ali, ele escreveu sobre sua vida, de como surgiu a idéia do livro, como ele foi construído, suas insônias, as histórias que criava em sua cabeça. E, puxa, me senti tão ligada àquela pessoa! Alguém que nunca vi pessoalmente, que não faz idéia da minha existência... E de repente eu estava ali, totalmente conectada àquele ser, compreendendo aqueles sentimentos descritos. Querendo que aquele momento de conexão durasse para sempre (risos). Parece uma coisa meio boba, não? Queria eu conseguir transmitir, pelo menos uma idéia longínqua, do que significa isso para mim.

Talvez seja porque eu entendo o que é ter insônia, o que é criar histórias na minha mente para suportá-la, entendo o que é sentir algo tão profundo e importante e querer dividir isso, não sabendo como. Ou talvez seja um resquício daquilo que a gente ouve muito: “estamos todos conectados”.

Não sei ao certo.

As pessoas sempre pensam que estão sozinhas, mas isso não é verdade. No fim, acho que existe mesmo esse negócio de todos estarem ligados de alguma forma. E esse mistério seria só mais uma daquelas coisas que a gente deixa para lá, ao longo da correria sem fim dessa vida sem sentido.

E acho também que essas coisas só se entendem quando se cria laços com alguém. Laços são essenciais. Afinal, quem nesse mundo pode viver sozinho?