Não sou boa em lidar com meus sentimentos. Por isso, me tornei uma garota desajustada. Bastante ansiosa, cheia de inquietação. Com os olhos no futuro, cabeça nas nuvens. Não conseguia esperar nada, me consumia por dentro. Compulsiva, sem controle e com muita insônia.
Não era capaz de viver o presente, sempre pensando como seria o futuro.
Então percebi que estava perdendo algo muito importante: viver o processo. Vi que chegar no objetivo sem ter aproveitado a caminhada não é tão bom assim. O significado do destino perde a intensidade que tinha quando sonhei com ele pela primeira vez.
A espera não é uma coisa ruim. O friozinho na barriga pelo que vai acontecer também não é. A questão é como você vê e lida com eles.
É um prazer delicioso: a expectativa que te faz dar aqueles risinhos incontidos, a imaginação trabalhando sobre o que se espera, os olhos que brilham como de uma criança aguardando um presente muito desejado. Encontrei nisso uma surpreendente felicidade.
Experimentar e viver o momento de espera. Porque depois que tiver passado, eu não terei mais essa parte para aproveitar, já foi o tempo, passou. O momento de agora é único. Os sentimentos de espera não vão mais existir depois de alcançado o objetivo.
Quero ser uma escritora famosa. Quando isso acontecer, eu não vou mais ter esse sonho. Não vou mais vivenciar o que é desejar, trabalhar e até perder o sono por isso. Vai ter passado. Me restará desfrutar do que realizei.
Então, agora eu escolho aproveitar!
Imaginar como vai ser. Sorrir com as inúmeras possibilidades. Ao invés de matar, brincar com as borboletas do meu estômago. Pegar emprestado as asinhas delas e voar para o futuro que eu quero construir. E enquanto ele não chega, vou aproveitando a vista desse vôo fantástico!