terça-feira, 10 de agosto de 2010

Fake Me - Capítulo Seis

Posted by: Mari
Date: quarta-feira, 12/05/2010
Playing Now: Queen - Liar (tradução)

Imagem é tudo. Dependendo da imagem que você apresenta, você se torna uma pessoa acima de qualquer suspeita.

Estou em um shopping e imagem é tudo. Passo por vitrines e vejo os olhares deslumbrados das adolescentes que sonham fazer parte de um mundo que não foi criado para elas. Giorgio Armani, La Perla, Les Filós, Lancôme, Armani, Prada, Serpui Marie. As meninas desfilam com almas vazias, mas mãos cheias de pacotes e sacolas de compras. Andam em grupos, são amigas, riem e não tem nada em comum entre si.

Meu nome é Mari. Eu sou um fake e eu entendo as pessoas.

Eu também ando com minhas amigas pelos corredores do shopping; todas deslumbradas com o brio das lojas mais caras da cidade. Rimos, experimentamos roupas, comemos juntas. Somos amigas, não temos nada em comum. Eu estou apavorada.

Sou um dopleganger moderno. Se você me perguntasse quem eu sou de verdade, acho que nem saberia responder.

Eu e Laura andamos juntas, braços dados, sorrindo. As amigas dela tiram fotos, rindo; eu as odeio.

Elas estão rindo de mim.

Para minha sorte, Aline está comigo. Ela me abraça e diz:

"Eu sabia que você conseguiria"

E as outras dizem:

"Vocês merecem"

Estamos reunidas no maior shopping center da cidade comemorando nossa eleição como representante e vice-representante. Nos tempos de colégio, ninguém ligava para isso. Mas ser representante de turma na UniNove significa um atalho para o sucesso profissional. E quem se matricula na UniNove não pensa em muita coisa além de uma grande carreira.

Laura sorri e eu sei que ela está fingindo. Nenhum músculo perto dos olhos se movem. É o que eu chamo de sorriso de plástico. Ela está com raiva. Ninguém gosta de ser parabenizado por ficar em segundo. Eu me deleitaria nesse momento se não estivesse apavorada.

Desde que recebi aquele e-mail anônimo, não consigo dormir bem. Tentei fazer uma lista de cada pessoa que demonstrou algum sinal de saber a verdade sobre mim, mas apenas um nome vinha à minha mente.

Victor.

Não sabia o que fazer. Não podia ir à faculdade sem saber como lidar com a situação, como olhar nos olhos dele, como falar ou não falar com ele. Sem dúvida Victor sabia meu segredo e esperou meu momento mais frágil - a comemoração de uma vitória inesperada. Ele sabe quem eu sou. E ele vai me desmascarar.

Ele me odeia.
Ele me odeia e estou apavorada porque estou de frente para uma vitrine da Triton, no maior shopping da cidade. Laura, Aline e todos ao redor estão me olhando assustados porque eu fiz a maior estupidez da minha vida.

Quando li aquele e-mail, deixando o café manchar meu lindo panfleto de representante, considerei não ir à aula no dia seguinte. Mas isso seria o mesmo que dizer "você me pegou, é verdade, eu sou uma fraude e estou envergonhada, você venceu". Eu estava fora de controle, mas não podia dar esse gostinho a ele. Iria encará-lo de frente.

Minha conversa com Victor era inevitável desde o dia em que nos vimos pela primeira vez, mas foi surpreendentemente inusitada. Ele estava lá, sentado naquela árvore, quase dormindo. Senti cheiro de cigarro, mas ignorei.

"Bem, há algo que queira me dizer cara a cara?" perguntei sem rodeios, mãos na cintura, tentando simular algo de autoridade e auto-confiança.
"Deveria ter?" devolveu ele, sem parecer se importar.

"Talvez você queira tratar disso pessoalmente. O que você quer? Me chantagear? Me torturar com o silêncio até o dia em que resolver contar a todos?" por um momento ele me olhou com algo que quase pareceu um sorriso.

"Então aconteceu... alguém sacou qual é a sua..."

"Corta essa..."

"E está colocando a culpa em mim"

"Você mandou aquele e-mail e..."

"O que?"

"Aliás, anonimato é para coverdes que não..."

"Ei!" Me interrompeu bruscamente, levantando-se, como se quisesse se livrar de algo incômodo. "Olha... nós dois sabemos, desde nossa primeira troca de olhares, que eu te saquei e que você sabe disso, certo?"

Fiquei atônita. Não esperava que ele fosse assumir tão facilmente. Tudo em que me consumia em entre dúvidas e certezas sendo tratado de forma tão simples e direta. Foi como uma subida em uma montanha russa.

"A questão aqui é que você também me sacou de cara, então me diga: eu me importo com isso?"

E isso foi como a descida.

Era tão óbvio. Victor não se importa com absolutamente nada além de ficar na dele. Ele é o desinteresse personificado. Eu estava certa em perceber que ele vê através das minhas máscaras, mas por que eu deveria me preocupar com o "Sr. Burnout*"?

Mas isso também significa que mais alguém sabe. Alguém destrutivo. Alguém capaz de mandar um e-mail ameaçador.

Estou em frente a vitrine da Triton, a loja favorita de todas as adolescente que conheci e todos me olham. Sou um dopleganger moderno e estou olhando para o meu reflexo no vidro. Quer dizer... deveria ser o meu reflexo. Se movimenta igual a mim - mexo um braço, ela mexe; balanço a mão, ela balança. Mas eu não reconheço a imagem. Parece uma criança, mas tudo fica turvo e confuso. Estou apavorada, ela está sorrindo para mim.

Imagem é tudo.

Dou passos para trás, quase caindo, esbarro em uma planta. Ela põe o dedo indicador nos lábios e diz:

"Shhh... é nosso segredo. Você não quer que papai e mamãe descubram..."

Eu grito e tudo começa a girar. Sou eu caindo nos braços de um estranho.
Então, tudo fica escuro.

Fim do capítulo seis

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2 comentários:

Igor Sano disse...

Lá vem a reviravolta da qual tanto esperei! ^^
Terminei de ler todos os capítulos hoje.

Está mandando muito bem Srta. PsychoPris King!!
Me tornei seu fã após ler Fake Me!

Sucesso O/

Kisu :**

PsychoPris disse...

My god, eu tenho um fã O_o

Obrigada, que bom que está gostando. Dá mais ânimo de continuar *-*

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